[Bijuu] Nós dividimos culpa e dor. Estamos separados e ao mesmo tempo, juntos.

Foi como dar a volta ao mundo. Por um momento, o céu era tão azul quanto de costume; os sorrisos mais largos e claros; os olhares mais reflexivos e compreensivos. E então eu deslizei. Deslizei para muito longe, levado por uma corrente fria e angustiante. Foi torturante. Desejei correr, minha alma desejou. Ela clamava, esperneava-se; estava desesperada. Ela não queria continuar, entretanto, continuamos a nos afastar. Seríamos entidades diferentes? Talvez. Uma parte de mim havia se acostumado. Para ele, esse caminho era o necessário que pudesse se esconder e manter-se a salvo. Em contra ponto, seu igual tornava-se cada vez mais fraco, impotente e incapaz de manter a consciência. Precisava emergir.


O grande portão fechou-se a minhas costas. As tochas abriam caminho a minha frente, iluminando, em círculo. O teto não me era visível. O piso, feito em mármore negro, parecia emanar uma luz pálida, translúcida. Era a primeira vez que estava ali. Disseram-me que seria o meu novo lar até um determinado momento. A temperatura é baixa, algo totalmente diferente do comum no país do vento. Seria um terreno a parte? Não sei dizer. Durante a maior parte do caminho, eu estive vendado. No centro da grande sala, ou mesmo prisão – caso queira interpretar desta maneira – havia uma espécie de símbolo no piso reuzente. Uma estrela, cravejada de estacas, transpassando energia e em seu interior, um círculo preenchido por energia escura. “O que seria?” Indaguei-me, caminhando a passos surdos até o grande símbolo.

Minha longa veste deslizava sobre o ambiente, como uma pluma dançando ao correr dos ventos. Lembrava vestes feudais, entretanto, bem mais simples e leves. Meus cabelos desciam sobre minha testa, imparciais a minha visão. Sentei-me, em uma posição meditativa. As mãos pousaram sobre minhas pernas, voltando à palma de cada uma para o teto longínquo; a postura ereta e a respiração calma. Em par ao silêncio, meus olhos cederam, fechando-se, dando início a uma promissora ou desastrosa meditação.